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A cloroquina, utilizada no tratamento da Malária, é apenas uma das substâncias estudadas por várias frentes da comunidade científica em busca de soluções na luta contra o novo coronavírus. 

Nessa semana, Ministério da Saúde reuniu em um só documento evidências científicas de todo o mundo relacionadas à prevenção, diagnóstico, tratamento e monitoramento de pacientes infectados por coronavírus (COVID-19). Além de concentrar tudo o que se sabe sobre a doença até agora, apresenta as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e será atualizado sempre que surgirem novos dados. 

De acordo com notícia publicada no site do MS, as “Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19” fornecem orientações para uso da cloroquina como opção para quadros graves (pacientes hospitalizados com pneumonia viral). Contudo, o seu uso se restringe a casos confirmados e deve ser feito conforme a orientação médica e em conjunto com outras medidas de suporte.

Mas que medicamento é esse? Por que seu uso ainda apresenta riscos? A professora da FAHOR, bacharel em Farmácia e mestre em Microbiologia,  Cláudia Verdum Viegas traz algumas informações a respeito desse medicamento.

“A Cloroquina e a Hidroxicloroquina são fármacos (medicamentos) usados, principalmente, na prevenção e tratamento de malária, mas também são usados como ARMDs (Antirreumáticos modificadores da doença). 

A Cloroquina é um fármaco antigo (surgiu em 1940), que ainda é eficaz contra algumas formas das quatro espécies de plasmódios (agentes causadores da Malária); seu mecanismo de ação é complexo e não está completamente elucidado. A Hidroxicloroquina foi inicialmente desenvolvida como agente antimalárico, porém posteriormente, assim como a cloroquina, também foram identificadas aplicações como antirreumático. Ambas são aprovadas pela ANVISA e FDA, agências reguladoras de medicamentos no Brasil e EUA, respectivamente, para os usos já mencionados.

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Como qualquer medicamento, elas também provocam efeitos adversos, e nas doses utilizadas para tratamento das crises agudas da malária, a Cloroquina e a Hidroxicloroquina podem provocar náusea, vômito, tontura, turvação da visão, cefaleias e sintomas de urticária. Efeitos adversos mais graves incluem retinopatias e arritmias cardíacas potencialmente fatais. Estes medicamentos apresentam interações com outros medicamentos e são contraindicados em algumas situações clínicas, portanto não devem ser utilizados sem orientação médica.

Talvez muitos se perguntem de onde surgiu a ideia de testar a Hidroxicloroquina (HCQ) contra a COVID-19? Pois bem, graças a inúmeras pesquisas conduzidas em diferentes partes do mundo desde a década de 1990, sabe-se que a HCQ possui algum potencial para tratamento de algumas doenças virais, pois demonstrou capacidade de reduzir a carga viral em pacientes com HIV. Embora os resultados das pesquisas mencionadas não tenham sido revertidos no uso da HCQ para o tratamento da AIDS, frente ao Sars-CoV-2 pode ser diferente.

Por essa razão o Ministério da Saúde autorizou o uso off label (fora do que está prescrito na bula do medicamento) da HCQ em tratamentos experimentais contra a COVID-19. Todos estamos torcendo e esperando que estes estudos experimentais deem bons resultados que permitam minimizar os efeitos desta pandemia, reduzindo principalmente o número de pacientes com manifestações graves e óbitos. 

Enquanto aguardamos os resultados é importante difundir a informação de que o uso da HCQ no combate a COVID-19 é restrito aos casos graves e sob supervisão médica. Isso se deve ao potencial de efeitos adversos que este medicamento possui. Os estudos que estão sendo realizados mostrarão se a HCQ é eficaz ou não, em que dosagem ela deverá e poderá ser usada, e para quais pacientes ela será útil, considerando inclusive aspectos de risco/benefício. Precisamos aguardar os desfechos destes estudos!”.

 

Colaboração: Claudia Verdum Viegas