Na noite de quarta-feira, dia 7 de março, os estudantes da Faculdade Horizontina lotaram o Auditório do Campus para ouvir a história profissional e de vida da família da Christ, de Boa Vista do Buricá. A atividade foi promovida pelo Núcleo da SWE FAHOR, que teve espaço inaugurado na segunda-feira, Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAP), Pastoral Universitária e Direção.
Atualmente a empresa da família, Industrial Margil, é dirigida por Meri Christ, que arriscou e enfrentou uma nova carreira ao assumir, há cerca de 25 anos, os negócios do pai. Ela contou que foi chamada na época, para “bater cadeados” e encerrar os negócios. “Quando andei dentro da fábrica, quando vi os funcionários todos lá, vi os sonhos do meu pai, vi dedicação, e não tive coragem de fechar. Pelo contrário, eu, sem ter nenhum conhecimento na área de desenho, de material, de bitolas, polegadas, não sabia diferenciar chapa de tubos. Mas com humildade, coragem e enfrentando os desafios de igual para igual, conseguimos retomar as atividades”, relatou.
O público ouviu atentamente as experiências de uma mulher que não conheceu o machismo até chegar na indústria, aos 40 anos. “Eu nunca percebi o machismo, a não ser quando comecei a trabalhar nessa área, onde os funcionários não aceitavam serem liderados por uma mulher. Na minha casa, nunca havia passado por uma situação em que os homens tratassem uma mulher como inimiga. Meu pai ensinou meus irmãos a atirar com flobé, e eu e minhas irmãs, também fomos ensinadas. Quando eles aprenderam a dirigir, nós também aprendemos. Era natural, não tinha isso de coisa de menino e coisa de menina”, afirmou.
Aos meninos que acompanharam a atividade, Meri foi direta e simples ao explicar que o intuito das mulheres não é concorrer, mas sim jogar de igual para igual. “Quando vocês são contratados, ninguém duvida da capacidade. Nós temos que provar todos os dias que sabemos, que temos condições. Chegou numa empresa nova, precisa ser a funcionária do ano. Se está em uma posição de destaque, pode estar envolvida com algum diretor. Quando passa ficam olhando de cima a baixo, se a roupa, se a maquiagem, se o cabelo, estão perfeitos. São esses os pensamentos e comentários que ouvimos. E isso é muito chato e é isso que queremos mudar”, declarou.
Para o futuro, Meri afirma que tanto ela quanto outros empresários de diversos setores, estão preocupados com as novas profissões e novos produtos que vão surgir e de que maneira precisam se preparar para essas mudanças. “Minha primeira equipe de engenharia foi formada com egressos da FAHOR. Agora, vejo que novamente a Faculdade é um caminho para ajudar a mim e outros empresários que desejam seguir na indústria, com seus negócios, mas não sabem exatamente como agir, onde buscar o conhecimento. Muitos negócios estão condenados à ruína. Isso é assustador e frustrante, ver que sua profissão, não é mais necessária. São vocês, jovens, os responsáveis por garantir o futuro das empresas. Queremos as mudanças, mas gostaríamos de receber essas respostas, de ter esse conhecimento mais claro”.
As atividades da Semana da Mulher terão ainda uma atividade com o grupo de Teatro do CFJL e depoimentos de egressas sobre os projetos de vida na área da engenharia.