A química industrial, mestre em sistemas e processos industriais e agora, Doutora em química analítica e docente da FAHOR, Janice Zulma Francesquett realizou sua pesquisa de doutorado no Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolvendo atividades relacionadas a análises de resíduos de agrotóxicos.
De acordo com a docente e agora, doutora, a utilização de agrotóxicos em larga escala tornou-se uma prática comum para possibilitar o suprimento da atual demanda global por alimentos. Porém, o uso destes produtos químicos pode causar prejuízos severos à saúde humana e ao meio ambiente, principalmente pela alta toxicidade apresentada por alguns deles. Ainda, quando estes agrotóxicos são utilizados no final do ciclo de produção dos alimentos existe uma maior possibilidade de se encontrar resíduos destes, tanto na sua forma natural, como nos alimentos processados. “Diante deste cenário, torna-se essencial o monitoramento dos resíduos destes agrotóxicos que podem permanecer em diferentes compartimentos ambientais e nos alimentos que colocamos à mesa”, destaca a professora.
É nesse contexto, que o desenvolvimento de métodos analíticos eficientes e confiáveis, torna-se relevante. “O estabelecimento de métodos demanda um preparo de amostra adequado, que seja rápido, de custo acessível e que apresente resultados confiáveis, mesmo em análises de componentes em concentrações muito baixas, como no caso dos resíduos de agrotóxicos”, comenta Janice.
Tendo como título: “Desenvolvimento de método para determinação de Paraquate, Diquate, Clormequate e Mepiquate, em cevada e trigo, utilizando HILIC-UHPLC-MS/MS”, a tese apresentou uma metodologia otimizada, rápida e eficiente para a análise de dois herbicidas (paraquate e diquate) e dois reguladores de crescimento (clormequate e mepiquate) utilizando um método cromatográfico de análise. O método proposto pode ser utilizado em análises de rotina nos laboratórios de análise de agrotóxicos, tornando possível a quantificação dos resíduos remanescentes em amostras de trigo e cevada, de forma eficiente.
A escolha pelos agrotóxicos de estudo, se deu pela dificuldade de análise destes compostos, e além disso, o Paraquate é considerado um mais tóxicos utilizados nos últimos 60 anos, e por este motivo foi proibido pela Anvisa em diversas culturas, a partir de setembro de 2017 . “Em várias amostras foram observadas altas concentrações de Paraquate (acima dos limites máximos permitidos (LMR's) para este composto em cevada e trigo, considerando os limites da União Européia”, afirmou Janice.
A professora afirma que o monitoramento dos resíduos dos agrotóxicos nos alimentos é uma ferramenta que está diretamente relacionada com o uso correto destes produtos químicos. “É necessário respeitar principalmente as normas vigentes em relação aos agrotóxicos autorizados para as culturas e ao tempo de carência entre a aplicação do produto e a colheita e/ou comercialização. Além disso, é uma forma de aumentar a fiscalização na comercialização de alimentos e assim garantir a nossa segurança alimentar frente a estes produtos químicos”, comentou Janice.