Ao se formarem, a grande maioria dos estudantes das áreas de engenharia, busca uma carreira profissional corporativa ou empreendedora. Ainda são poucos os que sonham ou são atraídos por uma carreira acadêmica, ou seja, para atuar em instituições de ensino e pesquisa.
A egressa do curso de Engenharia Mecânica, Ana Paula Ost adiou suas experiências profissionais na indústria desde quando era estudante, pois seu sonho sempre foi trabalhar com o ensino e, para isso, precisava alcançar um Mestrado. E foi para realizar este sonho que ela se dedicou desde o seu ingresso na graduação. “Conheci muita gente incrível durante esse tempo na FAHOR, principalmente professores que serviram de inspiração e incentivaram para que eu seguisse na área acadêmica”, afirmou.
Hoje, Ana Paula é mestre em Engenharia Mecânica, na área de Fenômenos de Transporte, pela UFRGS e está concluindo Doutorado em Engenharia Mecânica na área de Fenômenos de Transporte, também na UFRGS. Ela aceitou contar um pouco da sua trajetória acadêmica e profissional, de estudante a docente do ensino superior.
“Eu estudei com bolsa do Prouni. Infelizmente não tínhamos condições de arcar com a mensalidade então adiei o máximo possível minha entrada no mercado de trabalho, com a renda familiar baixa. Foi com certeza uma escolha difícil, mas necessária. Iniciei como estagiária na Metalúrgica Candeia no 8º semestre, e depois de seis meses fui efetivada como analista, e trabalhei lá até a formatura. Nessa época eu já aguardava respostas da UFRJ e da UFRGS sobre o Mestrado e quando recebi o retorno positivo, me desliguei da empresa. Hoje sou professora de ensino superior aqui em Porto Alegre, e também atuo como responsável técnica da Facilita, uma pequena empresa do ramo de elevadores”, conta Ana Paula.
Começar a vida profissional é uma expectativa e um sonho, e assim como a Formatura, ambas são esperadas desde o início da Faculdade. E quando esse momento chega, é um grande desafio e o fato de ser mulher, teve um impacto significativo para a mesma. “Quando comecei na Metalúrgica Candeia, uma das minhas funções era executar melhorias no processo de fabricação, em um ambiente de trabalho onde 90% dos trabalhadores do chão de fábrica faziam aquilo há mais de 10 anos. Não preciso nem dizer né? Ouvi muito: “eu faço assim há 15 anos e sempre deu certo”. Foi um desafio, primeiro por ser inexperiente e um pouco por ser mulher também. Anos mais tarde, reencontrei o gerente da época e ele me revelou que houve muito preconceito por parte da diretoria, que considerou que o fato de ser mulher me tornaria menos eficiente no cargo. E, na vida acadêmica também não foi muito diferente, nunca tive que estudar tanto como no primeiro ano do Mestrado”, compartilha Ana.
Entretanto, Ana pondera que o fato de ser mulher teve mais influência positiva na carreira. “Houve muita gente receptiva e que já havia abandonado esse conceito de que engenharia não é coisa de mulher. Minha personalidade também não abria muito espaço pra isso, porque se me propunham um desafio, eu provava que era possível realizá-lo. Por isso, meu recado pras meninas é não dar ouvidos para pessoas que dizem que você não pode ser algo. Mulheres podem ser o que quiserem, principalmente engenheiras, cientistas, astronautas, enfim, o que quiserem”, afirma.
Ana Paula revela que tem vontade de trabalhar e incentivar mais meninas para as áreas de engenharia e pesquisa. “Acredite ou não, mas pouquíssimas mulheres cursam Mestrado e Doutorado em cursos de exatas, em torno de 12% apenas”, afirma a engenheira, que espera que o ensino volte a ser valorizado e que os professores voltem a ter seu devido valor.